segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

teatro parte VII


Trabalho Final para o Curso de Iniciação ao teatro de Moisés Chaves
O que é teatro?
Joyciane Carvalho Borges
Objetivando finalizar o curso de iniciação ao teatro da Casa da Cultura cujo ministrante foi Moisés Chaves recebemos a instigante missão de pensar a respeito de fundamento daquilo que fizemos durante esse intensivo de duas semanas.
Para tanto o primeiro passo é rememorar aquilo que foi aprendido. Neste período ampliei meus conhecimentos sobre alongamentos, técnicas de controle da respiração, de interpretação, de regulação da voz e até sobre massagens e desta forma percebemos que para fazer teatro é preciso aprender a usar corpo e voz e isto só é possível com muito trabalho. Contudo para efetivamente compreender o que é o teatro é preciso pensar sobre as características e principalmente sobre sua definição, pois só por meio desta compreensão podemos praticar esta arte de fato.   
Muitos afirmam que o teatro é uma expressão natural e espontânea do ser humano e deste modo sempre existiu e existirá enquanto houver dois seres humanos, um para assistir e ser imitado e outro para representar e receber aplauso. Essa visão simplificada da arte cênica não a define satisfatoriamente - embora não constitua nenhuma falácia - porque reduz o teatro a imitação e ele também pode ser imaginação. Naturalmente aqueles dois indivíduos são o mínimo necessário para o espetáculo acontecer, todavia o teatro pode ultrapassar isto, ele cria monstros alegóricos, seres e personalidades que só existem no palco e na mente dos espectadores que assistem e criam ao mesmo tempo um espetáculo pela interpretação associada a sua percepção pessoal da realidade.
É possível que a resposta procurada seja encontrada em sua origem grega. Na Grécia o nascimento do teatro esteve associado à evolução das artes e cerimônias gregas como a festa em homenagem ao deus Dionísio (13º deus do Olimpo, protetor das vinícolas) que os romanos chamariam de Baco. Nesta festa, os jovens dançavam e cantavam dentro do templo deste deus, oferecendo-lhe vinho. Em Roma estas festas eram chamadas de bacantes e realizadas na época da colheita, quando as comunidades rurais dedicavam a Baco, cinco dias de folias ungidas com muito vinho, até provocar a embriaguez coletiva. Durante as bacantes ou festas dionisíacas, ninguém poderia ser detido e aqueles que estivessem presos eram libertados para participarem. Com o tempo, a festividade passou a se organizar melhor, sendo organizadas pequenas encenações, ora dramáticas, ora satíricas, coordenadas por um corifeu e acompanhadas por um coro que externava os gestos e passos ensaiados os momentos de alegria ou de terror que permeavam a narrativa. O corifeu e o coro se tornar-se-iam os elementos básicos do Teatro.
Isto, no entanto, é passível de contestação já que existem relatos de manifestações teatrais anteriores aos gregos. Na China antiga, o budismo usava o teatro como forma de expressão religiosa. No Egito, um grande espetáculo popular contava a historia da ressurreição de Osíris e da morte de Hórus. Na Índia, se acredita que o teatro tenha surgido com o Brama. E, finalmente, nos tempos pré-helênicos, os cretenses homenageavam seus deuses em teatros, provavelmente construídos no século dezenove antes de Cristo. Apesar dessas divergências quanto o local de origem é comum à procedência religiosa para as manifestações teatrais, além disso é fato que esta arte passou por intensas transformações o que ocorreria mesmo que a base tivesse sido inteiramente grega, logo o local de nascimento do teatro não explicaria completamente o que é teatro na atualidade.
Possivelmente a melhor definição de teatro só pode ser dada pela compreensão de sua origem ligada à dimensão da natureza humana que o compõe em consonância com o seu objetivo. Entendo a localização das primeiras manifestações teatrais como secundária, entretanto é importante observar que ele surgiu para responder e difundir formas de responder questões existenciais da vida, tanto na Grécia como na Ásia. Como os primeiros atores e autores não dispunham de muitos e complexos elementos seu surgimento foi simples e provavelmente espontâneo, assim como se deu nossa formação neste curso, pois antes de começar a aprender técnicas de encenação buscamos os movimentos e sons orgânicos verdadeiros.
É notório, no entanto, que o teatro foi se modificando e se tornando mais complexo com o decorrer dos anos, portanto sua definição ainda deve observar se contempla todos os períodos e fases do teatro. A despeito da origem espontânea e da significativa contribuição dos gregos para o inicio da encenação, ela assumiu algumas alterações bem definidas de modo que o teatro não tem mais um corifeu ou coro como elementos obrigatórios, logo o conceito de teatro deve ser composto pelos elementos que tiveram continuidade ao longo dos séculos. Teatro é a figuração de sentimentos ou caráter por atores – pois os sentimentos ou traços de personalidade retratados não são decorrência de ligações afetivas ou valorações morais dos atores – ou ainda, de seres imaginários com o objetivo de responder ou simplesmente trazer a tona questões existenciais – pois mesmo que a peça não seja religiosa ela difunde uma ideologia, uma maneira de ver ou viver a vida, por exemplo, mostrando uma problema social – e que é fruto de muito trabalho e pesquisa.
E para Joyciane Carvalho Borges o teatro, ainda, representa o privilégio de louvar a Deus com a expressão corporal e a voz. 


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