domingo, 3 de dezembro de 2017

Garrafas ao mar árido.

Tudo é uma questão de qual garrafa voce vê.




Serei eu mesmo a garrafa jogada ao mar
escrevo em minha tatuada  pele e faço-me
testamento de minhas próprias águas.
Quantas palavras não foram escritas
e mal ditas  ,  e benditas se tornaram a grande fala.

Nesse silêncio que habita em nós e nas tais garrafas jogadas
em plena rua.
Onde estão os laços que nunca foram fortes? 
Se perdem em rios tortuosos e deságuam no mar de nossa imensidão, tão mansa dor.

Quantas noites em céu aberto, de copo em copo
de boca em boca, nossas memórias estampadas em novos tonéis?
A lua de seda e prata não escondia o outro lado, 
o lado de sangue, tão mar vermelho de nossa crua carne.

Nossos abraços tão proibidos em calçadas nuas.
Não havia porto seguro, nem mesmo rede jogada ao léu.
Era esse o Rio que me levava em tão  pronta entrega
talvez teus braços , o meu destino.
Somos cruz e  espada, água e vinho.

Nosso desejo não tinha perdão
era esse o maior pecado , pois não  se tinha culpa.
Como sol e lua que não andam juntas , mas moram lado a lado
e nunca dão as mãos. 

Nosso amor  em plena contra mão
eu me atiro ao mar, você  está no céu
Enquanto voce voa, eu então mergulho
esse nosso deserto , esse mar sem chão.

Era tanta água que não matava a sede
Quando não era sal, parecia lama.
Nessa relação que não para nunca e sempre se encontra, 
mas nunca teve tempo pra dizer adeus. 


Mocha