Tudo é uma questão de qual garrafa voce vê.
Serei eu mesmo a garrafa jogada ao mar
escrevo em minha tatuada pele e faço-me
testamento de minhas próprias águas.
Quantas palavras não foram escritas
e mal ditas , e benditas se tornaram a grande fala.
Nesse silêncio que habita em nós e nas tais garrafas jogadas
em plena rua.
Onde estão os laços que nunca foram fortes?
Se perdem em rios tortuosos e deságuam no mar de nossa imensidão, tão mansa dor.
Quantas noites em céu aberto, de copo em copo
de boca em boca, nossas memórias estampadas em novos tonéis?
A lua de seda e prata não escondia o outro lado,
o lado de sangue, tão mar vermelho de nossa crua carne.
Nossos abraços tão proibidos em calçadas nuas.
Não havia porto seguro, nem mesmo rede jogada ao léu.
Era esse o Rio que me levava em tão pronta entrega
talvez teus braços , o meu destino.
Somos cruz e espada, água e vinho.
Nosso desejo não tinha perdão
era esse o maior pecado , pois não se tinha culpa.
Como sol e lua que não andam juntas , mas moram lado a lado
e nunca dão as mãos.
Nosso amor em plena contra mão
eu me atiro ao mar, você está no céu
Enquanto voce voa, eu então mergulho
esse nosso deserto , esse mar sem chão.
Era tanta água que não matava a sede
Quando não era sal, parecia lama.
Nessa relação que não para nunca e sempre se encontra,
mas nunca teve tempo pra dizer adeus.
Mocha