nunca mais escrevi um poema
isso não significa que ele nunca foi feito
sem sequer um rabisco numa folha de papel vagabundo
ou mesmo uma fotografia que se esconde no fundo de uma gaveta
nunca mais o tempo se versificou em mim
isso não significa que ele não tenha me atirado pedras
pra começar minha desconstrução poética
nunca mais um poema pariu em mim uma nova palavra
sem tempo de espera nem um grito de alerta na agonia do deserto.
nunca esperei que se fizesse um poema em segundos
sem nenhuma emoção de primeira
nunca enfrentei uma fila de espera
em busca de uma canção verdadeira
nunca mais um poema uma falta
uma ausencia que prenuncia um dilema
venha poema, não se vá
fico a janela a espiar pela estrada
que apareça de novo
como se fosse de tarde
numa sessão de cinema.
mocha
janela na ilhota numa noite onde a lua menstrua.
teresina noite de 14 de abril 2014