terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Quem achará o meu amor.....




Quando nosso amor chegou ao fim
quando tudo terminou
o meu amor foi embora pra Araxá
Foi um beijo longo na despedida
Eu fiquei no Rio, ele foi ver Minas que não tem o mar.
Depois de nosso beijo , ele foi ver Beija.

E agora José?
Quem achará o meu amor?
Nós nos perdemos pelo caminho
entre Araxá e Teresina.
Corremos o Rio , nos perdemos pelas esquinas
e pelas sombras nos escondemos.

Nós nos achamos , nus encontramos
acendemos vela e clamamos juntos.
Um amor igual ,  quanta sintonia
por que será que chegou ao fim?

Nesse fim de mundo
era fim de ano, era fim de festa
nos demos as mãos quando acenamos
nós nos olhamos, até nos perder de vista.

Eu agora ando só, mas não estou sozinho
pois um grande amor fica para  sempre.
Fica em meu corpo, fica em minha alma
fica em minha carne , fica em minha mente.

Agora eu  pergunto,  quase solitário pelo meu caminho
embora eu já saiba onde encontrar.
Então eu pergunto ao outro que passa na rua
e me vê  chorando em mesa de bar

- Quem já teve um amor que se foi e se foi sozinho?
Me responda logo onde fica essa Araxá
Dizem - "Fica no sul de Minas!"
E eu adoro minas que não tem o mar.....
mas tem o meu amor e terá pra sempre esse  meu amar.....


Pois o meu amor pegou aquele trem e lá se foi embora, ele foi embora, ele foi, foi pra Araxá
Agora eu continuo nossa velha história e vivo a perguntar: - Onde Achará o meu amor?......
A resposta veio num simples bilhete - "Eu já fui embora, saio de sua vida e eu vou para sempre, eu vou sozinho, vou pra Araxá..."




Mocha
Janeiro , na serra , de coração partido.



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Amigos na Rede



Quando não pudermos tomar um café
na sala, na mesa ou na rede na varanda.
Teremos outra rede em nossa tela
e ao invés da pele, nossos dedos tocarão nas pequenas teclas.

Ao ouvir nosso piano imaginário, 
nossas conversas virarão musicas para nossos olhos.
Ah, vira, virou!- E veremos poesia em nosso dia a dia.

Somos errantes, navegantes
do  imenso barco que se chama solidão.
Mesmo em outros portos, nossos barcos estarão juntos
e no porto onde ligamos nossos laços.
Essa  amizade que se  junta em um mesmo coração.

Amigos na rede, uma boa conversa lembra sempre 
um bom café com leite, pão e manteiga....
Parece simples, mas a grandeza é delicada.
Esse momento é o que faz valer a pena.

Mocha
Leme , domingo 22 de fevereiro.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A MEIA NOITE NO LEME



Dia desses em pleno meio dia, um calor de verão carioca , quase uma embaixada do inferno, andando pela Gustavo Sampaio a procura do Dante, não aquele, mas o gato da menina Clara, estava eu a clamar por ele, pois o mesmo havia supostamente fugido de casa em plena sexta feira, 13 ,e o terror se instalara na casa onde Dante viera se abrigar nos dias de carnaval pois sua dona cedera o  apartamento deles para um casal da Itália; começamos a procura dentro de casa , em todos os cômodos , depois de olhar em todos os lugares possiveis , lembro-me de que ele poderia ter voltado para sua verdadeira casa, e lá vou eu ,desço pelo elevador e Miss Mellodi pela escada, faço então  o percurso de volta atrás do gato, parecendo um louco, chamando e olhando de cabeça baixa em lugares onde possivelmente o gato pudesse se esconder, começo a perceber que as outras pessoas me olhavam como se fosse um ser de outro planeta a gritar por um gato que se chamava Dante, e de repente ao levantar a cabeça , percebo que já não era meio dia, era meia noite e as ruas do leme estavam envoltas em uma neblina colorida e algumas galinhas passeavam entre a fumaça e cocoricavam antigas marchinhas ....pensei que tivesse ficado louco ou que aquilo era uma ilusão de carnaval ,  eu via aquilo tudo, mas não podia ser visto como se algo nos separasse, sei lá, era muito estranho que tudo aquilo houvesse começado quando o Dante fugira de casa e começara  a busca pela figura do gato preto em plena sexta , 13...e eu ali , no meio daquele sonho, vendo imagens  de galinhas e de pessoas anônimas e sem rosto , mas podia ver no meio deles  , Macabéia ,  Téo e Isabel de mãos dadas e outros seres que desciam pelas ramagens das árvores , e no meio daquilo tudo, em meio as galinhas, em uma mesa lá estava ele...Dante, travestido de Dandi tomando uma xícara de chá , poderia ser  outra bebida pois minha alucinação me colocava agora mais em dúvida do que nunca, até que ponto era real a minha imaginação? .  Observei Dante naquela situação, e na mesa ao lado dele, duas mulheres conversavam , elas eram vizinhas naquele bairro, mas não se conheciam e aproveitavam para colocar  a conversa em dia, uma se chamava  Clara, e era encantadora de gatos e morava no começo da rua. a outra dizia se chamar Clarice, e morava no final do último quarteirão e criava galinhas em apartamento, aliás ela mandara construir um prédio inteiro somente para as galinhas que haviam sido expulsas pelas lacraias de copacabana, então Clarice, condoída das galináceas, fizera aquele que depois se tornara o  abrigo oficial das galinhas retirantes,  e quem tomava de conta delas era uma amiga de Clarice que se chamava Macabéia, cujo unico amigo era um rapaz que se chamava Téo e morava numa  antiga casa, conhecida como a casa  de Isabel, Téo  sempre dizia que ela  estava com ele , embora Macabéia nunca tivesse visto a menina pessoalmente, ficava na dúvida  quando passava diante da casa , pois  era possivel escutar rumores do vento batendo na janela e via um tecido que voava no meio da sala e escutava um sorriso de menina feliz .... ficava ali parada na porta, na esperança de conhecer Isabel, pois seu amigo Téo falava muito bem da tal moça e Macabéia por medo de perdê-la , jamais ousara bater na porta da menina, talvez com medo que ela sumisse  e deixasse Téo sozinho, então em respeito ao seu querido amigo, deixava que ele lhe contasse as histórias dela e assim ela continuaria  a existir para sempre , também para Macabéia. 
             Clara e Clarice passaram então a se encontrar algumas vezes naquele lugar e conversavam sobre galinhas, gatos e principalmente sobre as pessoas e as coisas daquele lugar, e Dante que era um ser encantando as vezes fugia de casa só para encontrar naquele canto do Leme aquelas duas senhoras que não se conheciam , mas que  se encontravam e conversavam muito sobre o tempo de cada uma delas, as vezes Dante também podia ver em outra mesa um anjo chamado Torquato que conversava com um senhor ingles chamado Edgar que tinha um corvo como animal de estimação....esse lugar era especial para Dante. Dante , Dante , onde está voce agora? 
               Poderia ser delírio sob o sol, mas ao constatar que Dante não aparecera, volto para casa triste  e preocupado pois a menina não poderia ficar jamais sem o seu gato, entro no edificio, vou até o elevador e aperto o 12, que é o seu andar e entro em casa e penso de que maneira iremos comunicar que o gato havia sumido, abro a porta de casa, sigo pelo corredor e entro no quarto biblioteca da casa, sento-me na grande cadeira de leitura , observo a porta fechada e começo a cochilar, um cochilo profundo,e de repente ouço miados e quando abro os olhos percebo na estante , uma sombra que se move no meio dos livros...era ele, o gato que por alguns momentos talvez sofresse um certo encantamento e sumisse de nossas vistas e eu me pego pensando em Alice, e me lembro de Clara e de Clarice, e olho então para os livros e a para o espelho e como se fosse novamente um sonho começo  a imaginar que a estante e o espelho podem me levar alguns lugares onde eu dificilmente poderia ir....levanto da cadeira, pego o gato em minhas mãos e olho pela janela, Dante olha para baixo , mia  e olha pra mim, como se quisesse me contar alguma coisa .....e nos olhos de Dante , nos olhos dele, eu vejo muitas histórias!


Mocha 
sábado e domingo de carnaval, Leme 2015