sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um poema para Pedra....



Passei quatro dias em Petrópolis, visitando a casa onde morei em algum ano da década de 90, ainda era o velho sotão do sobrado do Vale dos Esquilos, ao lado da Pedra que chora.... andei, bebi agua da fonte, conversei muito com Fátima Medeiros, falei com Adriana Avelar e revi Thais e bernardo....ontem enquanto esperava para descer a serra , era uma tarde cinza cheia de nevóa, e estava lendo o livro PAREM DE FALAR MAL DA ROTINA, da querida Elisa Lucinda, eu já havia visto a peça durante o FESTLUSO de 2009, quando ainda era do Grupo harém de Teatro e fazia produção....ao ficar sozinho na espera do ônibus naquele lugar , naquela situação nasceu este poema......





ENVOLTO ESTOU NO MEIO DA BRUMA
O FRIO AQUECE MINHA ALMA E SORRI MEU CORAÇÃO
UMA CIDADE DE PEDRAS, O MAR DE PEDRO É O CÉU PERTO DE MINAS
VEJO PESSOAS QUE JÁ NÃO  USAM COROAS NAS CABEÇAS

TAL QUAL NUM FILME , ATRAVESSO UM PORTAL NO TEMPO
VÍVIDO  MOMENTO DA HISTÓRIA, DO COMEÇO DA HISTÓRIA
 FUI  ATÉ ALI E VI A NEBLINA E ELA ME ENVOLVIA E ME CEGAVA
CLARA CENA CINZA ILUMINADA POR UMA LUZ ÂMBAR

VEJO O PALÁCIO DE LUZES APAGADAS
UM FOGO ACESO DENTRO DA MINHA MEMÓRIA
QUATRO DIAS SEM FOLIA
QUATRO NOITES BEM DORMIDAS
NO SOTÃO DA VELHA CASA
PERTO DA PEDRA QUE AINDA ME CHORA...

VEJO CAVALOS GUIANDO CHARRETES
PÉGASOS QUE BEBEM D'ÁGUA DO CÉU,
DO RIO QUE CORRE NO MEIO DO VALE
PARECE UMA ARTÉRIA A CÉU ABERTO
CUJA PELE ESTÁ SOBRE MIM

VEJO A CIDADE NO MEIO DAS PEDRAS
CIDADE DE PEDRO , DE FÁTIMA, DE GLÓRIA
AQUI ERGUEREI A IGREJA DO MEU POEMA
SILENCIOSAMENTE  AGRADEÇO E PAREÇO ABRAÇADO POR DEUS....

Moisés chaves
Tarde do dia 29 de dezembro de 2011, bebendo um chocolate quente na rodoviária de Petrópolis enquanto aguardava minha carruagem....

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CASA DE MARICOTA.....







Lembro daquele velho tênis bamba
Lembro daquela nossa bela história
Lembro da vila operária, o berço do samba
Lembro do velho mafuá e da rua da Glória....

Lembro de velhos carnavais, do beco do Prazer
Lembro do Seu Cornélio e do quebra bunda
Lembro de umas férias e de nem ter mais o que fazer
Lembro de um tempo muito alegre e de uma tristeza tão profunda....

Lembro do Maria de Lourdes e da minha sala de aula
Lembro de pular o muro e do caderno de confidências
Lembro do Miguel Sady e dos olhos da linda Maura
Lembro da doce época de Nossa inocência.....

Lembro dos velhos tempos, como se fosse agora
Lembro da feira na praça e de dar voltas ao redor da igreja
Lembro do time de voley e de nossas vitórias
Lembro do Jairinho,do Cacá e de tantas pelejas...

Lembro daquela vitrola azul e do cigarro minister
Lembro da Tabocas, e da casa da Dindinha
Lembro de certa coisa que nem mais existe
Lembro daquele feijão e da velha farinha...

Lembro da velha casa do Buenos Aires
Lembro daquela viajem no caminhão
Lembro de seu Mundico na bela boléia
Lembro do porco Merquides vindo na contramão

Lembro de coisas boas de minha infância
Lembro de sentir o cheiro de Vovó Salù
Lembro de tantos almoços na grande cozinha
Lembro do cheiro do café e do gosto do beijú...


Moisés Chaves
Rio de janeiro, fim de tarde em Niterói do dia 19 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

poema sem correção




Não quero mais corrigir meus erros
Nem quero mais a letra da canção
Quero fazer o meu poema torto
e entregar essa minha linha incerta

Quanto já fiz e nem por isso corro
quanto não esperei e perdi a mansidão
Já não ouso mais gritar em vão socorro
hoje espero na calma da palma da mão

Percorro mansamente entre teus dedos
olho teu olho como quem ve tua alma
já mais não choro, esboço um sorriso
uma felicidade interna que nunca se finda

Faço um poema que não tem mais erro
Se é só um poema, pra que escrever palavras
Já te disse tudo, e agora este silencio
Canção sem correção pra quem não mais espera!


Moises Chaves
tarde melancolica de extrema felicidade....
Rio de Janeiro 16 de dezembro de 2011 olhando bondes no céu....

sábado, 10 de dezembro de 2011

CACHORRO SEU DONO


para Lucas Arantes, Noir Junior e Clara......





Cachorro perdido no meio da rua
livre sem dono sem alça
Mas ele é a presa solta
Cachorro livre é guiado pela mão do homem

Cachorro não late na aldeia
Lusa américa carioca que nem se importa
um olhar de cachorro meio abandonado
um suplicio nele há que me sufoca

Ele ainda me olha quando desço pela escada
num trilho onde posso alçar vôo
vou pra outra praça ver o sangue que não ferve por voce
nem por ninguém, isso não importa!

A cidade nem sequer lhe abre a porta
essa deusa da beleza
esse caos com natureza, esse mar de tanta gente
que nem sequer presente o cachorro abandonado

Pessoas andam pelas ruas
parecem com anestesia de nem mesmo mais sentir
o cachorro de duas patas
que lhes estende uma lata pedindo qualquer coisa
mas olhando para o chão

Um cachorro encontra o outro
duas histórias de abandono
ninguem chora , ninguem ri!

Moises Chaves
Tarde de terça 06/12 quase fria na Pça Nelsom Mandela em botafogo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

POEMA DA MADRUGADA




E se agora a meia noite já se pronuncia
se já faz blin blon e escuto em pleno pulso
se já toca o sino, requipe bom que se alardeia
vejo a cidade em movimento que quase nunca dorme

Percebo o movimento lunar numa euforia
Vejo o transformar de Voluntários em seres passionais
E já não peço nada a São Clemente
nessa minha noite vaga
nessa minha quase festa
nossa mesma sina louca
nosso quase olhar que ainda espreita

fogueiras perto do mar que já se acendem
nem mesmo o tempo pode invadir o seu crespúsculo
Percebo o Tom , e ouço Gal que que não tem mais dunas
Patrulha que vigia sem regra a nossa emoção

Lembro de certas coisas que se escrevem
em folhas mortas uma vida que resurge
um palpitar de uma veia que pulsa
coração vagabundo em plena madrugada

Não faço serenata ,nem mesmo samba mudo
eu só torno oculto a minha palavra
Vejo madrugada de um passo tão lento
um torpor vazio, de um quase verbo que não se conjuga

Sinto a nossa carne que não se arrepende
Vejo em nossa busca que não tem mais volta
Uma velha canção que já faz a ronda
De uma frágil noite que se pronuncia

Esperando o amanhecer de uma breve renúncia.


Moises chaves
madrugada no baixo botafogo do dia 09 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

coisas que ficam para trás.....





Acabei de comentar com uma colega pelo facebook que as pessoas não recebem e nem sequer mais escrevem cartas, e fiquei pensando em quantas outras coisas Nós deixamos pra tras e sentimos falta delas, como o uso de certas coisas: tenis bamba, colonia gellatti ou contorré, perfume tarot, calça us top, kichute, refrigerantes mirinda, crushi e grapetti, o beco do prazer, a banda bandida....hábitos que se modificam ou que acabam de vez. Penso que neste momento de transformações que o mundo e as pessoas passam, é muito dificil as pessoas ainda manterem coisas como baús cheios de cartas,velhos bilhetes, papel de sonho de valsa que foi dado pelo seu amor, fotografias em albuns envelhecidos, ou emoldurados nas paredes ou numa estante do meio da sala, pequenos objetos adquiridos em viajens....lembranças,lembranças! que podem até parecer perdidas,mas estão lá de alguma forma,quietas e ai basta ouvir aquela música,sentir aquele perfume,pegar em roupas de filhos,dentes jogados em cima da casa, cadernos de confidencias....parece que as coisas voltam!
Voce já se perguntou onde andará a pessoa que voce deu o primeiro beijo,que voce transou pela primeira vez, ou aquele ou aquela que voce era apaixonado na escola e que nunca olhou pra voce, aquela amiga que sabia e sabe tudo sobre voce, aquela viajem feita pela primeira vez, o desconhecido que voce beijou numa parada de onibus em Santa Catarina ou num hotel em João Pessoa, aquela amiga que sem querer voce encontra em Paris,ou no baixo botafogo...viver é acumular lembranças e penso que a importancia que voce dá a elas é que fazem de voce a pessoa que voce é...
Escrevendo agora ,penso na letra daquela música LEMBRANÇAS , que a Kátia , a cega, sim ela é cega e fazia muito sucesso,num tempo em que não existia o politicamente correto,e os incorretos eram e continuam sendo boa parte dos nossos políticos.... calma ,não farei disso discusso da minha revolta....voltando ao tema:
a letra da musica diz assim: "...eu já nem me lembro quanto tempo faz, mas eu não te esqueço que te amei demais e nem mesmo o tempo consiguiu fazer esquecer voce, fomos tudo aquilo que se pode ser,meu amor foi mais do que se pode crer...." e agora numa tarde meio sol, meio nebulosa,olhando pro pão de açucar e vendo o campo do Botafogo,vejo e sinto a importancia dos momentos que vivi, que vivo ainda e procuro vivê-los da forma mais intensa, verdadeira e desapegada possivel,pois de alguma forma elas , as situações se agarram a mim.
Para terminar,como estou fora de minha casa, sem meu baú,minhas caixas de sapatos cheias de pequenos momentos, pegarei minha agenda e lembrarei como foi esse ano,vou lembrar de Teresina, do sitio da cacimba velha,nos amigos que lá ficaram e nos que aqui estão...e vou agradecer tanto e tanto todas, mas todas as coisas que já vivi e peço a Deus para me dar saúde para que eu possa estar perto dos que amo afim de ajudar a todo momento, de dentro fora,de fora pra dentro....como lembranças que voce tira,olha,depois volta pro seu lugar e vai vivendo e construindo novos momentos e novas caixas serão abertas para guarda-los!

sábado, 3 de dezembro de 2011

POEMA DA RESSACA





NÃO TIRE DA MINHA MÃO ESTE COPO
APROVEITA E ME DÁ UMA NEOSALDINA
ME LAMBUZA DE SORVETE E FICA AQUI
SOB OS LENÇOIS E NÃO ABRA ESTA JANELA

NÃO PISO MEUS PÉS NO CHÃO
TÃO LEVE ESTOU QUE NEM SOMBRAS VEJO
NÃO METO MEU NARIZ EM CAMINHO ERRADO
PROMESSA FIZ QUE HOJE NÃO BEBO

O TEU CARINHO É O MEU SAL DE FRUTA
BANHO GELADO NA CABEÇA QUENTE
O BEM E O MAL NUMA ETERNA LUTA
UMA VELHA ROUPA NA PELE QUE HABITO

PASSEI O DIA NESSE ESTADO DE SITIO
DEPOIS DA ESBÓRNIA , ESSA FALSA ALEGRIA
SE ESTOU COM SEDE EU BEBO UM COPO D'ÁGUA
SAIO PRA RUA,VOU NO BOTEQUIM A MINHA MORADIA

Moisés chaves
noite carioca dia 3 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

um poema de criança......





Gosto muito de família, do calor do fogo na cozinha e do cheiro bom de comida,principalmente quando está fazendo nuvens na mesa , gosto sobretudo de crianças correndo em volta das mesas criando histórias e trazendo o mundo pra dentro da gente..... não tive filhos! Mas Graças a Deus tenho uma família enorme e 42 sobrinhos, 2 afilhados e os sobrinhos postiços que grandes amigos tiveram e tem e pude acompanhar o crescimento de alguns deles, desde a fase de fraldas sujas de cocô, passando por corridas de patins, aprendendo a nadar, indo pra escola pela primeira vez, aulas particulares em casa, festas infantis, indo ao médico, ficando com eles quando alguém da família morria , o primeiro show, a primeira menstruação, quando passou no vestibular, a formatura, as primeiras decepções e as maiores alegrias....enfim em todas as horas! Mas nada ,nem ninguém pode dar a dimensão de momentos especiais e únicos que só os Deuses podem permitir: hoje pela manha, ainda pouco numa quente manha de sol carioca com a vista mais linda que só poderia ter o nome de MIRANTE DO PASMADO, presenciei uma das coisas mais comoventes, serenas e sinceras da minha existência, podem me achar piegas, romântico, infantil, podem falar o que quiser......mas vi um poema nascer da forma mais bonita, inteligente, sincera , deslumbrante ......uma criança de 04 anos filha de dois queridos amigos olhando pela janela e dizendo e escrevendo de mentira(de mentira?) o mais belo poema que já ouvi e escrevo agora em primeira mão o que eu vi e ouvi de Nina.....

Poema da janela e da Cidade

UMA CIDADE TEM QUE TER ESCOLA
UMA CIDADE TEM QUE TER UMA CASA PRO CHICO
UMA CASA PRO TED,UMA CASA PRA FAMILIA
E UMA CASA PRA GENTE
UMA CIDADE TEM QUE TER MONTANHAS
UMA CAIXINHA NA CASA PRA RECEBER MENSAGENS
UMA CIDADE TEM QUE TER MUITOS CARROS
MUITAS ARVORES,MUITAS PALMEIRAS
UMA CIDADE TEM QUE TER 10 MONTANHAS
E UMA JANELA NA CASA DO CHICO
UMA JANELA NA CASA DO TED
E UMA JANELA PRA GENTE
E UM TELEFONE PRA CASA
E UM TELEFONE PRA GENTE...
TÁ FALTANDO ALGUMAS COISAS:
LIVROS! E UMA FITA PRA GENTE COLAR...
E UM REMEDINHO PRA CURAR DOR DE CABEÇA.
TÁ FALTANDO NUVENS
E UMAS MALAS PRA QUANDO FOR VIAJAR
TÁ FALTANDO FLORES
PRA BOTAR PRA GENTE CHEIRAR
E UM JORNAL PRA GENTE LER
E UMA MESA PRA GENTE BOTAR OS LIVROS.....

Mirante do Pasmado, manha calorosa perto do pão de açucar , que nome mais infantil....1º de dezembro de 2011....perto do Natal
Pedi licença aos pais para publicar, obrigado Patricia Mellodi e Márcio Trigo!
Me lembrei do meu afilhado Bernardo, na minha afilhada Talita, nos meus sobrinhos João Gabriel, Lorena e Guilherme Chaves, pensei em Clara mello, Faena couto, Lucas Cubas, Naruna Romana, Artur Galvez e Ivan Guimarães....como queria ter podido ficar mais tempo perto deles...
Lucas Guimarães Cubas um dia me ensinou que o amor é uma coisa higiênica,ele tinha 4 anos como agora tem a Nina...