quinta-feira, 21 de março de 2013

A espera e o abandono....

ontem pela manha fiquei durante duas horas e meia esperando um onibus na estrada PI-112, me senti tão mal pois não conseguia ligar para justificar meu atraso....deu nisso!


A ESPERA  E O ABANDONO



duas horas e meia esperando um onibus que não veio
uma estrada mal feita, um transporte quebrado
uma falta de tudo
falta segurança, falta saúde
agora falta transporte
me senti abandonado
o que mais eu espero?
perdi meu tempo, perdi trabalho
perdi meu dia
só não quero me perder no meio do caminho
será que ainda tem caminho?
um carro de vidros pretos passa por mim
um politico corrupto que mora na caçimba
ele parece que não ve
ele parece que não vive
ele não quer aparecer
ele não precisa de onibus, ele não precisa da estrada
me pergunto   - do que ele precisa?
depois de uma longa espera
voltei pra casa com uma dor
um vazio, um abandono
um telefone que não funciona
uma internet que não chega
preciso enviar sinais de fogo
meus olhos vermelhos tristes
denunciam meu cansaço, minha indignação
eu me olho  e vejo o meu espanto
ligo a televisão.....
mais um bandido solto
mais um ladrão absolvido
mais um roubo no meu bolso, no meu rosto
o que será que ainda falta?
só se me tirarem a visão.......
o que será que será?

moises chaves
sitio santa rosa manha de 20 de março de 2013

terça-feira, 12 de março de 2013

Ela

Sem importancia



Ela sangra , ela escova, ela limpa
ela fia, ela tece , ela guia
ela ama, ela briga, ela cria
ela cuida, ela lava, ela escreve

ela varre, ela espera, ela espia
ela confessa, ela esconde, ela grita
ela goza, ela treme, ela fita
ela escuta, ela reza, ela clama
ela chora, ela brinca, ela não se cansa
ela leva, ela ensina, ela busca
ela embala, ela vela, ela nunca se esquece
ela envelhece, ela rejuvenesce , ela começa de novo
ela mal se levanta, ela não dorme, 

ela faz coisas que até Deus duvida.
ela , simplesmente ela!

Só as mulheres mesmo!
parabens pelo dia internacional da mulher
Mocha , rio 8 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

SEM NET....



 
 
 
 
 

 
 
 
a solidao da noite não apavora
ser só na noite se arvora
plantio tardio de colheta precoce
ser só e amplificado pelo olhar noturno
musica silenciosa em pleno deserto
uma noite um sertão um oceano
não há sede que se mate sem desejo
a peleja do sono na ponta da agulha
uma vitrola , um violino ou viola
madrugada serena com calor
sem diário se escreve em lençois
um balançar na rede
um cantaroiar na net
somos todos iguais nesta noite.

Mocha
Rio,  madrugada 7 de março de 2013


domingo, 3 de março de 2013

uma capivara no meio do caminho....

para meu Piauí.....











                       Eu saio do meu lugar, mas eu não saio do meu chão, começo dizendo isto por que hoje em plena tarde de verão , um sol maravilhoso em pleno calor de Petrópolis depois de alguns dias de chuva e frio, fui presenteado , digo assim  mesmo:  presenteado por uma imagem comovente, não sei como chamar o coletivo de capivaras então só digo que havia um grupo de capivaras em plena avenida Barão do Rio Branco próximo ao centro da cidade imperial e eu imediatamente pedi a minha amiga Fátima Medeiros que encostasse o carro pois eu queria muito observá-las de mais perto e registrar aquele momento, para mim bastante significativo. De alguma forma aquelas capivaras queriam me dizer alguma coisa, com se dissesem pra eu não  esquecer de quem eu sou , esteja onde eu estiver, pois vou  carregar para sempre o meu lugar: o sitio Santa Rosa na Cacimba Velha, a casa de Maricota perto de Teresina, a capital do Piauí, explico bem para deixar bem claro a minha origem.
                  Por alguns instante fiz uma viajem ancestral, parecia que as pedras de Petrópolis eram as pedras de São  Raimundo Nonato e eu ali parado, observando e sendo observado  e em nenhum momento elas se assustaram comigo e nem tão pouco eu com elas  parecia que de alguma forma eu fazia parte do bando, ouve uma troca de olhares, olhares de encantamento como se aquele encontro estivesse marcado em algum calendário. Riso e um choro melancólico na alma, um choque , um raio em pleno céu, um céu azul...-Meu Deus que coisa mais linda!, ouvi um senhor exclamando , ele havia descido do carro também e estava tão maravilhado quanto Nós, pois acreditem eu e Fátima nos encontrávamos em um estado de verdadeira contemplação. As capivaras estranharam a chegada das outras pessoas e isso foi um sinal para que fossemos embora. Mas de alguma forma elas foram comigo e eu fiquei ali com elas como convém quando existe um elo divino entre os seres.
           Jamais vou esquecer aquela cena, jamais vou esquecer de Teresina, e não peço a ninguém que acredite nessa história, pois se não fosse o acaso ela com certeza jamais aconteceria. Penso as vezes por qual motivo as pessoas nascem em certos lugares, por que certos lugares expulsam as pessoas? Por que certos lugares recebem certas pessoas? Tem certas coisas que eu nunca vou entender, tem certas coisas que eu jamais vou negociar, tem certas coisas que eu jamais vou esquecer, tem outras que eu prefiro nem lembrar, mas com certeza as coisas boas jamais serão esquecidas e é por isso que de alguma forma eu jamais saí do meu lugar, uma ponte, uma ligação, um elo que sei nunca , nunca mesmo se quebrará!
         Como os olhos do passado da Capivara e um presente que me chegou na hora exata, assim hoje não escrevi nenhum poema, nem ao menos pude entalhar em uma rocha, preferi escrever uma dor crônica que de certa forma alivia meu pensamento, e alegra meu coração que não foi , não é  e nem jamais será de Pedra.

Moisés Chaves
Petrópolis , 03 de março de 2013