sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Amor?




Quantas linguas tem esse tal de  amor?
Quem falará melhor sobre este amor?
Quem anda a procura pela rua escura?
Quem se atordoa por não encontrá-lo?
Será que chega junto, quando finda a tarde?
Ou pode chegar a qualquer momento?
Pode ser verdade ou será invento?
Será que ele acaba? Quem será o primeiro?
Ele te seduz?será que se repõe? quem é que conduz?

Tantos já falaram mesmo em silêncio
e até mesmo calaram em meio há tantos gritos.
Fico aqui pensado deitado na rede
por que tanto se fala neste tal de amor.
É tanta pergunta sobre este assunto
que voce se perde em todo vão momento.

Será que o amor fica? 
Será que voce perde?
Voce se aprisiona? Ou por fim , Libertas?
Será que voce chora por qualquer motivo?

Ou será que é festa? Será final de feira?
Voce faz besteira ou diz qualquer bobagen?
Será que tem imagem? 
Será uma cruz pra se carregar pelo resto da vida?
Causa uma ferida, ou será tua cura?
Por favor responde , diz ai, Jesus!

No meio disso tudo, fico a pensar que esse amor pode ser a luz!

Perdemos a noção e ficamos sem rumo
Que amor é esse , disse-me o poeta: é uma maldição!
Eu procurei tanto pelo meio do mundo
e sei que no final virou  uma cançao.


Mocha
natal de 2015

sábado, 19 de dezembro de 2015

CAPIVARA



Escreve teu machado em minha sofrida carne
põe  teu sangue e teu suor em minha  própria lingua
Já me fere  tanto e sou ferido em tua santa lâmina
essa  tua saliva  que escorre em todo nosso  corpo.

Sou a  tua terra, sou a tua vila , sou do rio  Mocha
escravos deste estado  quase indiferente
que não mata a nossa própria sede, 
a nossa arte e  a nossa luta.
Não escuta a voz que ecoa por este imenso deserto.

Seremos um dia o futuro de um país , que não conhece
o seu principio, a sua história  e a  sua conduta.
Quisera eu que o Guidon da bicicleta da nossa pré história
levasse junto pra todo canto deste imenso mundo, 
pelos caminhos,  os  pequenos traços de  nossa memória.


Mocha
dezembro de 2015

DEDOS



Quem aponta o dedo para  quem apronta?
Quem bota o dedo na cara do outro?
Quem tem medo de tantos dedos?
Tantos degredos? Tanta gente inunda
enfia o dedo no meio da bunda e já não temos mais nenhum  segredo.

Vivemos agora cheio de dedos
cheios de tanto  medo
pois são tantos dedos , em meio há tantos dados
há muito perdemos a regra do jogo
só não entendemos como chegamos  a este velho quadro?

Tinhamos o homem que não tinha um dedo
todos achavam que era o jogo certo
nada mudou e o jogo virou 
e as mãos se perderam
agora voltam os dedos passados
dados viciados em cima das mesas

Todos macaquinhos deste velho circo
enfiando dedos  , todos  uns nos outros
dedos no  papel , dedos de coronel
mas não havia dedos,  com os pés no chão

Já não temos mais os dedos de Deus
Ele foi usado, ele foi trocado em falsas e vãs palavras
eles até hoje  matam em seu próprio nome.
Não o cutuquem usando varas curtas, velhos fariseus de um novo mundo.

Quem é que vai levantar neste mundo louco
o seu próprio dedo pra salvar o outro?

Mocha.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

MEU VIZINHO É UM CAVALO


para Dora Parentes





Meu vizinho é um cavalo, 
ele vive depois da cerca do lado esquerdo.
Ele é todo vestido de Branco e me acompanha  desde a manhã
até quando o sol se põe.

Hoje ele me olhou muito cedo
enquanto eu alimentava meus cachorros, 
quando de repente eu caminhei pelo meu lado da cerca e ele me seguia pelo lado dele como se nos adestrássemos  um ao outro.
Seríamos um espelho, como convém a dois poetas.

Os cachorros riam de nós dois
como se entendessem a nossa tentativa de iniciar uma conversa.

Meu vizinho é um cavalo  e eu  admiro a sua elegância no silêncio. Ele fica lá em sua rotina  e não liga pra ninguém, cavalga quando está feliz e anda de cabeça baixa, esmorecido pelo calor quando finda o dia.

Ah, se todos os vizinhos fossem como aquele cavalo!



Mocha
manha de dezembro.