para Dora Parentes
Meu vizinho é um cavalo,
ele vive depois da cerca do lado esquerdo.
Ele é todo vestido de Branco e me acompanha desde a manhã
até quando o sol se põe.
Hoje ele me olhou muito cedo
enquanto eu alimentava meus cachorros,
quando de repente eu caminhei pelo meu lado da cerca e ele me seguia pelo lado dele como se nos adestrássemos um ao outro.
Seríamos um espelho, como convém a dois poetas.
Os cachorros riam de nós dois
como se entendessem a nossa tentativa de iniciar uma conversa.
Meu vizinho é um cavalo e eu admiro a sua elegância no silêncio. Ele fica lá em sua rotina e não liga pra ninguém, cavalga quando está feliz e anda de cabeça baixa, esmorecido pelo calor quando finda o dia.
Ah, se todos os vizinhos fossem como aquele cavalo!
Mocha
manha de dezembro.
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