sexta-feira, 24 de março de 2017

Quanto tempo




Quanto tempo dura o rio pra chegar  a próxima  curva, 
ele corre  lento, em pura correnteza?
Quantas pedras cruzam nossos caminhos , que as vezes  seguram as nossas turvas  lágrimas.
Não posso precisar o tempo das coisas
como o vento que chega até o meu nariz
Apenas olho o rio que corre ao longe
como chuva na cacimba que  deixa o chão tão molhado
uma  terra seca que a lágrima  esfria.
Como um leite quente em minhas mãos
depois de um gole de café , esse alimento em  nossa varanda.
essa minha vereda de quase salvação;
A agua varre a terra estrada, e deixa  molhado  todo o meu caminho.
Que tempo é esse que não passa, passa devagarim 
uma belezura, é quase passarim.
Uma briza que nos sopra , um cheiro de flor
mas saber espinhos.
Deixo me cortar e furo os meus  dedos como há contar as horas, saber de dentro do meu próprio sangue 
que escorre lá fora a todo tempo.
Eu quase choro pelo mundo, pelos imundos  
e fico triste pelas mazelas que nos chegam pelas telas , pelas janelas
por todo lado, a todo momento
Quem tem tempo para chorar , para sorrir 
Quem tem tempo para parar, pra ver o rio
aquele que passa em minha aldeia
e saber  também da aldeia do outro, lá  também tem rio
um rio de sangue, uma avalanche em país tão baixo
de homens vis que em meu país há tanto tempo roubam
Nos roubam sorrisos, querem os nossos  dentes
Mas eu sigo em frente, de vez em quando paro pra ver a chuva
que neste momento, tem sabor de lembranças ao vento
Precisamos   saber que depois da noite escura
vem um dia novo, uma nova vida que todos esperam.
Quem espera o tempo? Ainda tem aqueles que esperam   há tempos. Tempo, tempo, tempo....Não temos tempos há Temer.


Mocha
águas de março na cacimba velha

quinta-feira, 16 de março de 2017

Cobrança.





Eu fui Adão, eu fui a Eva
Eu vi a cobra em pleno paraíso
Dos que me falam, eu nem sempre ouço
Os que não escutam, mandei as favas.

Fiquei sem roupa e perdi  a linha
Ao ser expulso, ganhei o rumo
Eu tenho escolhas pois a vida é minha.

Nas mãos de Deus o cordão que guia 
Na lingua dos outros, posso virar farinha
Melhor morar apenas em teus olhos 
Vivermos juntos esse dia a dia.

Alguém bate a porta
eu pulo a janela
pois que venha o outro
a quem eu dedico,  esta poesia.


Mocha

Manhã de março, sitio santa Rosa