terça-feira, 29 de setembro de 2009

sobre amigos e eu


sobre amigos e eu



quando dizem que amigos é igual plantinha que tem ser regada todos os dias não é brincadeira, e as vezes voce leva um sacolejo pra aprender mai sobre isso, e não adianta depois chorar sobre o leite derramado. Se voce machucou seu amigo, nem sempre adianta depois pedir desculpas, a merda já está feita.... é preciso que voce aprenda a ouvir um não, e é necessário que voce tenha que dizer sim, sim eu fiz isso. Tudo que acontece com voce é por que voce quer, não adianta colocar a culpa nos outros, voce tem que olhar de frente e admitir o que foi feito.

amigos não se constrói da noite para o dia, é um processo longo, prazeroso, doloroso e acima de tudo verdadeiro,õnde não cabe mesquinhez, nem mentiras, pois assim a amizade não se sustenta.

quando teu amigo te pede socorro, corra pra saber o que está acontecendo... cada um tem um jeito de pedir socorro e as vezes voce está surdo e não ouve, não pense que todos os seus amigos são fortes e que voce sendo as vezes um menino mimado pensa que só vc merece atenção deles, quando isso acontece chega o momento de fazer uma avaliação desta amizade e nem sempre voce pode está preparado para ser colocado à prova. Amizade é correr risco, mas correr junto, as vezes na frente, as vezes atrás, as vezes do lado, mas nunca sozinho.

cuide-se bem , perigos hà por toda parte... pra nunca perder esse riso largo, essa simpatia estampada no rosto de quem saber ser amigo e aceitar o outro como ele é com seus defeitos, com suas qualidades.

abrigo seguro, porto onde voce desemboca sua lágrimas, olhos que fotografam sua alegria, garras posseiras que te acarrinham e te protejem quando necessário... aprenda a dar valor a um amigo! digo isso para mim mesmo... pra aprender e surpreender quando se percebe que podemos ser melhores por que temos amigos e acima de tudo por que aprendemos tambem a ser amigo, principalmente quando esse amigo precisa de voce.

sobre amigos e eu

segunda-feira, 28 de setembro de 2009


poema do cair da tarde




o que se põe junto com o sol

na segunda em teresina

percorro e rio sozinho as ruas vazias

sem tumultos só deserto

vejo beco vejo bocas as vezes dentes outras não

pessoas tão iguais mas diferentes

passo praças passa gente

passageiro de uma não agonia

cada um na sua vencidos pela cidade nua

a rita disse a gal cantou

no relogio depois das cinco o ponteiro a marcar

meninos homens brincam de equilibrar

malabaristas da calçada do teatro fechado sem platéia

habito a praça tomando um limão gelado

aplacando meu calor, tão calmo fico

no fim da rua quase vejo o sol a se deitar no rio

das grades da ponte uma janela infinita

de onde vejo eu minha cidade

minha necessidade

dependencia da cidade que me fascina

as luzes novas a iluminam

novos rumos, novos lugares que se aninham

se encostam junto a ponte

sem poema sem teorema sem fonema

ingles que não se ensina

se assina

colocando marca nova no vazio que havia

velhos hábitos troca troca

nova cidade que quer ser grande

como a minha pequenina

pelo menos ali onde vejo

ainda vejo minha pequena teresina

onde meus olhos amanha irão se pôr

quando finalmente à tarde finda.


teresina, segunda 29 de junho de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

menina voce é uma estrela












Menina voce é uma estrela





exatamente há 20 anos atrás , quando ainda estava como produtor cultural do Nós e Elis, disse a frase acima para a cantora Patricia Mellodi, de lá pra cá muitas coisas aconteceram e o tempo foi generoso com ela que tambem tem se revelado uma excelente compositora. A frase foi confirmada ontem quando ela apresentou aqui em teresina, o show PACOTE MAIS QUE COMPLETO, acompanhada por uma banda afinadíssima como há muito ela ja merecia. Mellodi começa cantando Fim de mundo como se fosse uma prece e emenda com mamãe coragem, de torquarto Neto para depois receber e ofertar sua rosa guerreira, ganhando ritmo e evolução que se mantém até o final do espetáculo.

O que me surpreende ainda é a ingratidão de uma parte do público de teresina, que confirma a tese de que a cidade é cruel com seus próprios filhos, felizmente o publico que compareceu era caloroso e revelou conhecimento sobre o trabalho da artista, aplaudindo calorosamente o final do espetáculo que tambem revela as multifaces de patricia, aliado ainda a um figurino funcional, divertido e uma direçao teatral que expoe seu talento tenatural para a comédia dando ao show o reconhecimento do trabalho de anos de batalha para conseguir furar bloqueios para firmar seu nome entre as grandes cantoras já tendo sido indicada algumas vezes aos principais premios da musica popular brasileira. Parece que o publico de fora tem mais carinho com o artista piauiense do que as pessoas daqui. Voce não pode ser feliz, parece uma agressão a um histórico de baixa auto estima que esse povo tem.

A carreira dela sempre foi muito dificil, para completar teve que subir no palco algumas horas depois que sua sogra foi enterrada no rio de janeiro, para onde o marido e diretor do espetáculo teve que voltar às pressas na noite anterior, e ao deixarmos o márcio no embarque ela falou pra ela fazer o show e dedicar para dona Teresa....teresa... teresina..ela subiu pois o show naõ pode parar.

depois do show fomos comer no delicioso camarão do elias,e de lá para o aniversário do geraldo em outro restaurante da cidade, onde vários artistas deram canja....onde tive a oportunidade de conhecer uma nova cantora: Ingra, guardem esse nome...patricia mellodi virou e me disse -há vinte anos era eu...olha que coisa mais linda...

estou feliz por ter visto minha amiga no projeto seis e meia, quem não foi precisa saber o que perdeu.




terça-feira, 22 de setembro de 2009



o que é a Cássia Kiss?




O olhar de um ator e de uma atriz diz muito, e poder observar o olho e o olhar que a atriz Cássia Kiss emprega ao se apropriar de uma personagem é no mínimo digno de análise. Digo isso depois de poder observá-la, seja no teatro, no cinema ou na televisão; agora ainda mais ao assistir o remake de Paraíso, novela que lançou Cristina mullins como santinha, e agora padece no inferno do esquecimento, trazia ainda em seu elenco a também talentosa Heloísa Mafalda, fazendo o mesmo papel que Cássia agora desempenha. Só para relembrar um pouco a carreira da atriz, quem não se lembra das atuações formidavéis nos papéis de Ilka tibibiriçá em Fera Ferida, Maria Marruá em Pantanal,Adma em Porto dos Milagres, Zilda em Eterna Magia, Ana em Barriga de aluguel,Lulú da medalhas em Roque Santeiro e Leila em Vale tudo, só para citar alguns de seus trabalhos em televisão, no cinema cássia tem se revelado ainda mais como "Ladra de Cena', termo que pode parecer perjorativo, mas que identifica aqueles coadjuvantes que não servem somente de escada para os protagonistas, mas contracenam verdadeiramente e caso o ator principal seja muito medíocre, poderá ser apagado pelo brilho de cássia, e só conferir em filmes como Bicho de sete cabeças, Meu nome não é jonhny, Não por acaso, A festa da menina morta ou Ele, o boto. No teatro podemos chamá-la Madame Cássia Kiss , pois pelo respeito que conseguiu junto ao público e à crítica dimensiona as interpretações memoráveis em peças como Fedra, Pantaleão e as visitadoras, O Coronel dos coronéis e Zoológico de vidro, estas duas últimas dirigidas por seu amigo e diretor Ulisses Cruz. Voltando o meu olhar sobre a interpretação de Cássia ao fazer Dona Mariana, observo a sutileza de gestos ,mesmo que pareçam fortes e marcantes que ela dá a personagem, consagrando ainda mais a fama de como ela é capaz de construir personagens tão diferentes, confirmando a capacidade total do enorme talento de atriz que ela possui. A televisão antes considerada a máquininha de fazer doidos, de vez em quando nos apresenta momentos históricos como esse, que pode inclusive ser usado como recurso pedagógico em sala de aula de escola de teatro para demonstrar claramente a construção de uma personagem. Quando é possivel gosto de sentar diante da tv e saber que tenho a oportunidade de poder , como há anos não fazia, ter este olhar sobre uma atriz como Cássia Kiss e me deliciar vendo mais uma de suas atuações magistrais, e principalmente quando multiplica a cena,pois dividir com ela é muito pouco, ao contracenar com monstros sagrados como o Sir Mauro Mendonça e Valderez de barros. Mesmo atores que parecem inexpressivos demostram motivação para atuar ao lado de Madame Cássia kiss. Depois de assisti-la , fecho os olhos e penso....como é bom poder ver atores e atrizes em perfeita atuação, não importa a linguagem : teatro, cinema ou televisão.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


um fim de semana perto do coração....



O sitio onde minha mãe mora fica há cerca de 25 km ou 30 km distante do centro de Teresina e é para lá que eu me refugio quando sinto-me cansado precisando de repouso, retiro e afagos e carinhos sem ter fim...semana passada fui antes ...na quinta feira por conta de um problema de família, estávamos quase todos la: minha mãe, meu irmão e irmãs: marcos, márcia, fátima, waldecir e graça, que tbm é minha madrinha; ausentes agda, james, rosely e nazaré. O lugar é simples, velha casa ampla com varanda que aos poucos vai sendo trocada por uma casa nova que está sendo erguida logo atrás como a vida assim me parece, pela lógica e pelo ciclo normal a casa deveria ser erguida na frente como se pudesse e quisesse apagar a outra , a que veio antes...mas é impossível concebê-la sem lembrar da de antes, a anterior, ou a interior...mesmo tão próxima da cidade o lugar remete a outro espaço meio Lobato, meio volta no túnel do tempo. Digo isso pois a nova história da casa gira em torno de Lucrécio, um pequeno pinto abandonado pela galinha mãe, que depois de ter sido quase esmagado pelo Lupi, cachorro sem freio que veio de Barras para tomar conta do sitio, tão danado que agora deu para atacar as galinhas....sim voltando o Lucrécio, ele acha que é gente ou bicho de estimação e agora vive dentro de casa e não sai da barra da saia de Dona Maricota, seguindo-a por todos os lados, como fiel escudeiro, chegando mesmo a assistir televisão junto com ela.

Mesmo passando por uma fase difícil como essa de agora, estamos novamente juntos, relembrando mais do que nunca que somos uma família, onde o problema de um é e sempre será problema de todos. Compreendo que existem diferenças, atritos e preferências, enfim afinidades maiores entre uns e outros não....sabe quando a mãe pergunta : "TODO MUNDO JÁ CHEGOU?....e voce já sabe de quem ela está falando. Dizer que não existe amor diferente para cada um dos filhos é bobagem....existe sim! mas nada que precise de terapia ou que sirva de motivo ou de desculpa para fundamentar nossas carências.... a vida é assim mesmo! amamos a todos , mas cada um é uma história, e cada história tem o seu valor.

Já passamos por muitas, já perdemos nosso pai, mas celebramos como ele viveu, e ele viveu bem, não choramos a morte pela morte, aprendemos que tudo tem fim...mesmo que seja abruptamente...ai fica mais difícil buscar consolo, quando isso acontece temos que ser mais fortes e buscar superação.

Depois de um fim de semana perto dos olhos e do coração, da família, a eterna referencia de nós mesmos, mesmo que nos sintamos diferentes e talvez até sejamos... mas é muito bom voltar e lembrar quem somos nós, de onde viemos, sentir o cheiro molhado da terra do sitio da cacimba velha, do cheiro de cajú, de manga, de correr com os pés descalços, de correr e de brincar com os bichos....isso sim nos dá força pra enfrentar o concreto, a fumaça, a balada, o trabalho, de poder voltar a cidade, ao urbano....meio Adélia prado, meio Cristina césar, mas sem nunca perder a poesia da vida.

beijos e abraços.... até mais!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

RABECA...UMA VIAJEM INESQUECÍVEL


"estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol....", de final de copa do mundo, foi esta a sensação que tomou conta de mim dentro de um ônibus de uma empresa chamada shallom tur, que nos levou no final de semana passado(12/09) para participarmos, eu e meus colegas do grupo harém de teatro, de um festival de rabeca na cidade de Bom jesus do gurguéia, distante algumas centenas , que na verdade parecem milhões de km de distancia da capital , onde apresentamos o espetáculo RAIMUNDA PINTO, SIM SENHOR!, de Francisco Pereira da Silva e dirigida pelo mago e magro arimatam martins , que no próximo ano completa 18 anos em cartaz...voltando ao tema: a sensação de angustia dentro de um ônibus em uma estrada que mesmo de madrugada parece terrível pois voce não consegue dormir mesmo com um coquetel de rivotril, lexotan ou dormanid, ou qualquer tarja preta similar. As estradas do interior do Piauí parecem coisa de outro planeta, a sensação é de que o homem foi à lua , à marte, mas não vai a Bom Jesus....ou seria Mal Jesus....fico pensando nos politicamente correto ao ler ou ouvir alguém lendo que escrevi mal jesus... ora, danem-se! ninguém normal passa uma situação de perigo ou de caos e diz : que coisa linda!...puta merda que que eu to fazendo aqui... foi o mínimo que os baloezinhos da minha história puderam comportar. Há mais ou menos cinco anos atrás estive na cidade, e as estradas já eram péssimas, imagina então agora.... nada mudou... aliás mudou para pior!, ir a Bom jesus é como se voltasse à época das capitanias hereditárias , onde as terras pertecem ou à diocese, ou alguma família latifundiária que agora dividem espaço com gaúchos que invadem a última fronteira agrícola: os cerrados piauienses.
No momento tento decifrar meu próprio texto que escrevi nas paginas da minha agenda, - meu deus, parecem aqueles resultados de eletrocardiograma e não conseguem seguir e manter as linhas das paginas, coisas que fariam o caderno de caligrafia corar de tanta vergonha...será que ainda existem cadernos de caligrafia, ou tabuada, ou educação moral e cívica...
Consigo finalmente decifrar-me e me encontro falando da estrada , e penso no caminho , no meu caminho, na carreira que escolhi, de levar a arte aonde o povo está....depois de 12 horas desta aventura chegamos finalmente à Bom jesus, conduzidos por um motorista ríspido, e por uma guia que não sabia de nada, não sabia o hotel para onde levar todos os artistas, pois esqueci de dizer que além do grupo harém , sergio matos, roraima e os músicos que os acompanhavam tambem estavam nesta viajem insólita. Depois de mais de 40 minutos dentro da cidade dando voltas chegamos ao primeiro hotel, onde ficou apenas o Sérgio matos, -é , a coisa não poderia ser pior.... volta todo mundo para o onibus, chegamos ao segundo hotel, espera , espera e chamam todo o grupo harém, ficam dentro do onibus o roraima e seus musicos, descemos enfim ao hotel loucos por um banho, uma cama com lençóis limpos e algumas hora de sono afim de recuperarmos um pouco a energia e as forças para a apresentação da noite.... pensou que acabou? não! não havia banheiro limpo, não havia lençóis nas camas, o quarto abafado ,sujo.... deu vontade de gritar, de chorar e dizer.... manhêeeeeeeeeee....., depois de quase meia hora, de reclamações, de ver a incompetência instalada na organização do evento, tomei banho e deitei por 1 hora...., nos acordaram pois era hora do almoço, lá fomos nós e surpresa:o almoço demorou pra ser servido e a qualidade era duvidosa.... saímos do restaurante em busca de lugar e comida decente, caminhamos um pouco e encontramos um restaurante de uma família gaúcha onde fomos muito bem recebidos e tivemos uma refeição digna, que foi paga de nossos próprios bolsos, pois se voce ja trabalhou para o governo sabe que o pagamento de cache é feito muito depois do serviço prestado e não tem ajuda de custo , nem diária de alimentação. Voltamos ao hotel e desmaiamos na cama.
Acordamos no cair da tarde e fomos ao local da apresentação: o lugar é lindo, mas sem romantismos não havia camarim, não havia banheiro, havia um palco e uma luz que segundo um dos organizadores custou cerca de R$ 100.000,00(cem mil reais), não, eu não estou brincando, é isso mesmo : CEM MIL REAIS! Pasmem!
Tirando tudo isso a apresentação foi linda e emocionou o público presente que assistiram a peça sentados em tamburetes.... emocionante!
À noite o clima melhora, e tivemos oportunidade de assistir ao show do mineiro GERALDO, no palco nacional, é existe isso de palco nacional, o outro palco é dos ets, aqueles que fazem arte só por prazer, de qualquer jeito e devem ser tratados como animais, ou melhor até animais são mais bem tratados que os chamados artistas da terra, artistas da terra é o carralho... artista da terra é minhoca.... somos artistas do planeta terra. Ah, antes que eu me esqueça, no mesmo palco aconteceu o lindo show do Roraima, mesmo não tendo camarim pra ele, pois para o Zé Geraldo tinha....
Resolvemos voltar para Teresina antes do horário marcado e saímos de lá às 04:00h da manha, alguns embriagados para não sentir a dureza da viajem, mesmo assim fica o registro da boa vontade do deputado Fábio novo, que teve a iniciativa de realizar o festival, que já está na segunda edição e tem tudo para se manter entre os grandes eventos culturais do interior do Piauí, é só saber manter os acertos e corrigir os erros afim de evitar situações desagradáveis como as que narrei, e acima de qualquer outra coisa, as estradas precisam ser urgentemente construídas e bem construídas para que não se tenha que fazer reparo todas as vezes que chover , como algumas construtoras e empreiteiras fazem mal feito só para ter que refazer no próximo governo. Se não fizerem a estrada Bom Jesus não ira a lugar algum e ninguém irá a Bom Jesus, por melhor que a cidade seja.....Sem as estradas nem o bom Jesus Salva a cidade!
Sei que falam de mim

Como primeira postagem coloquei este texto da minha querida amiga, parceira, idolatrada salve salve patricia mellodi , que diz muito sobre mim , e que me causou a principio estranhamento pois não é comum as pessoas aqui no piaui falarem bem uma das outras, talvez sejamos excessões à regra, como a própria mellodi diz em uma de suas composições, uma das primeiras chamada FIM DE MUNDO, que já foi gravada por ney matogrosso: "....a moeda que eles usam eu não sei negociar....", que está no primeiro cd que também tem TARDES, QUEM É VOCE?,LABIRINTO, e tantas outras de sua autoria.
Bem no mais é isso, é o meu primeiro e unico blog, e para começar bem é melhor ser exposto pelo olhar do outro, se ver no olhar do outro, se fazer de outros e de muitos.... abençoada profissão que me foi concedida, poder por vezes através da personagem conhecer melhor as dores, as alegrias, as certezas e as incertezas, as conquistas e os fracassos....dos outros e principalmente os meus, a cada dia , atoda hora estar me desconstruindo e principalmente tendo efetivamente que manter minha construção como pessoa, como ator, como cidadão....
Palavras, palavras.... não simplesmente jogadas na rede, pensamentos e sentimentos expostos na tela...ferramenta de um novo cyborg , que até então se considerava um analfabeto digital.
até a próxima e sejam bem vindos!
É um pássaro? É um avião? Não!
É Moisés Chaves.


Você pode estar se perguntando: - Quem é esse tal Moisés Chaves? Afinal de contas, ele é produtor, cantor, ator, professor, babá ou cozinheiro? Eu te respondo: - Todas as alternativas estão corretas.

Moisés Nunes Chaves, Mocha, como é conhecido pelos íntimos, veio ao mundo pelas mãos de uma parteira, filho da D. Maricota e de Seu Mundico, o caçula dos homens de uma família de treze irmãos, hoje espalhados por céu e terra. Da mãe religiosa com mãos de ferro, herdou a disciplina, a mania de ensinar, o cuidado com as pessoas e a farta mesa posta a alimentar a todos, e do Pai sensível, permissivo e viajado, o gosto pela música, pelas artes em geral, e a capacidade sublime de compreender o caminho e o desejo das pessoas.

Como uma pessoa com todos esses componentes poderia ser somente ator? Impossível. Ele veio ao mundo, nem ele mesmo sabe, como a missão de ensinar e preparar o palco para outros artistas, além de ser ele próprio a estrela. O que significa ter que se relacionar de forma apaziguadora com seus múltiplos talentos. E assim ele foi fazendo seu caminho generoso entre seus egos e os dos outros.

Na igreja Batista teve seu primeiro contato com a música. E como não havia na época uma circulação de espetáculos por Teresina, e existiam ainda poucos grupos amadores, era na televisão que buscava sua inspiração. Novelas, programas como “O sitio do pica pau amarelo”, e atores como Laura Cardoso, Sérgio Brito, Eva Vilma e tantos outros grandes nomes, fizeram com que ele tivesse uma formação “observativa” e uma certeza: - Eu sou artista. E com muita sede foi bebendo em todos os potes: da poesia, da música, do teatro, da dança. Além de aprendiz atento, foi se tornando amigo de pilares mais próximos, gente importante da cultura piauiense, amigos dele até hoje.

Moisés sempre foi um autodidata, mas hoje é formado pela primeira turma da Escola de Teatro Gomes Campos, com muito orgulho. Efetivamente sua carreira teatral começa em 1980 no grupo de Teatro do Mons. Uchoa, pelas mãos de Raimundo Dias, no espetáculo “Passarinho de gaiola”, e dali em 1985 vai para o grupo Harém de teatro, onde continua até hoje como ator.

No final dos anos 80, sua vida de produtor inevitavelmente começa a surgir. Trabalhou como produtor musical em casas de shows, como no lendário bar “Nós e Elis”, e na televisão, realizando eventos com grandes nomes da MPB e espetáculos de teatro nacionais.

Moisés Chaves foi o meu descobridor de talentos, meu Quince Jones. Produziu, dirigiu e botou no colo a que vos fala, Patricia Mellodi, na época Melo. Se hoje eu sou uma cantora profissional, saiba, a culpa é toda dele.

Mas, e o Moisés cantor? Sua voz é conhecida e não são poucos os fãs. Timbre forte e pessoal, interpretação teatral vibrante e shows históricos que marcaram a vida de muita gente. Pergunte ao humorista João Cláudio Moreno, ao compositor e músico Geraldo Brito, ao compositor e publicitário Machado Júnior, a mim... Na música, tudo começou num festival de teatro em São Mateus-ES em 1986. Tem um CD individual onde gravou compositores piauienses, e registro em duas coletâneas. Em função das suas mil atribuições, tem uma carreira tímida na área musical, mas reconhecida e respeitada.

O Moisés professor foi pioneiro no ensino teatral para crianças em Teresina. Desenvolveu a oficina de teatro permanente do Instituto Dom Barreto, ministrou aulas de teatro para o curso de pedagogia da UESPI, trabalhou com teatro empresa realizando apresentações, oficinas e debates e outros. Merecidamente em 2002 é eleito diretor da CTC- companhia de teatro da cidade, onde desenvolve trabalho de pesquisa e formação de jovens atores. Hoje é um dos coordenadores do teatro estação, que fica no ponto de cultura nos trilhos do teatro e sede do grupo harém, fazendo o que sempre fez.

Mocha tem zilhões de histórias na cartola. Divertidas, dolorosas, muitas. Isso porque ainda não falei que ele é um chef de cozinha excelente e tem um jeito danado com os filhos de todo mundo. Este é o Super Moisés, meu herói que vai seguindo de olhos abertos, com a espinha ereta e o coração tranqüilo.



Patricia Mellodi
10 de julho de 2009