Tudo é uma questão de qual garrafa voce vê.
Serei eu mesmo a garrafa jogada ao mar
escrevo em minha tatuada pele e faço-me
testamento de minhas próprias águas.
Quantas palavras não foram escritas
e mal ditas , e benditas se tornaram a grande fala.
Nesse silêncio que habita em nós e nas tais garrafas jogadas
em plena rua.
Onde estão os laços que nunca foram fortes?
Se perdem em rios tortuosos e deságuam no mar de nossa imensidão, tão mansa dor.
Quantas noites em céu aberto, de copo em copo
de boca em boca, nossas memórias estampadas em novos tonéis?
A lua de seda e prata não escondia o outro lado,
o lado de sangue, tão mar vermelho de nossa crua carne.
Nossos abraços tão proibidos em calçadas nuas.
Não havia porto seguro, nem mesmo rede jogada ao léu.
Era esse o Rio que me levava em tão pronta entrega
talvez teus braços , o meu destino.
Somos cruz e espada, água e vinho.
Nosso desejo não tinha perdão
era esse o maior pecado , pois não se tinha culpa.
Como sol e lua que não andam juntas , mas moram lado a lado
e nunca dão as mãos.
Nosso amor em plena contra mão
eu me atiro ao mar, você está no céu
Enquanto voce voa, eu então mergulho
esse nosso deserto , esse mar sem chão.
Era tanta água que não matava a sede
Quando não era sal, parecia lama.
Nessa relação que não para nunca e sempre se encontra,
mas nunca teve tempo pra dizer adeus.
Mocha
sou de teresina,ator e diretor de teatro formado pela escola de teatro gomes campos, e canto por que o instante existe o que me deixa um artista completo pois tambem já dancei, já fui contraregra, produtor executivo, professor de natação, diretor artistico, gerente de bar.... enfim um brasileiro que trabalha com muita dedicação no teatro e dirijo a ctc- companhia de teatro da cidade....
domingo, 3 de dezembro de 2017
domingo, 3 de setembro de 2017
poema de amanhã
Ontem eu fiz um poema pra entrar pra história
era uma conversa pra não dá bandeira.
Era uma luta de uma velha glória
um estado das coisas, essa pasmaceira.
Não escutava gritos vindos do planalto
O mesmo silêncio que nos atordoa
Parecia coisa de outros velhos tempos
Era um canto torto, quase um lamento.
No dia de hoje, perdi o poema
queria encontrá-lo , procurei no vento
foram as palavras que ontem eram tantas
e hoje não encontro.
Esse tanto faz, quanto tento eu fiz
procurando um chão
mas era um chão de giz
debaixo dos pés deste aprendiz.
Mocha
Setembro de 2017
domingo, 25 de junho de 2017
Todo mundo precisa de amor
Todo mundo precisa de amor
mesmo que não seja seu
mesmo que não seja meu
todo mundo precisa de amor
mesmo que não se pague
mesmo que se propague
mesmo que não espere
mesmo que o amor prospere
Todo mundo precisa de amor
mesmo que não seja flor
mesmo que ele seja dor
Todo mundo precisa de amor
mesmo que ele seja Deus
mesmo que voce seja ateu
Todo mundo precisa de amor
Seja por onde voce for
seja pra onde eu mesmo vou
todo mundo precisa de amor
mesmo que esteja escuro
mesmo que ele seja duro
Todo mundo precisa de amor
mesmo que seja de um ator
ou até mesmo daquele cantor
Todo mundo, mesmo que que voce não cante
todo mundo só precisa de um pouco de amor.
Seja de um muito do meu
seja de mais um pouco do seu
Todo mundo precisa
Dessa nossa grandeza de espalhar o amor.
Mocha
domingão do santa rosa na cacimba velha.
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Café do fim da tarde,
Café de fim de tarde
O sol caminha para a noite
a estrada nos guia a mesa da
cozinha.
O cheiro do café coado se vai pelos corredores
da velha casa.
A terra cora, e a luz da tarde
nesse entre e sai pela janela.
Cada animal vai pra seu poleiro
num ritual que se repete no passar das horas
mais um dia, mais uma noite
mais uma vela de gratidão.
amanhã o galo canta
e a casa novamente acorda em festa.
a estrada nos guia a mesa da
cozinha.
O cheiro do café coado se vai pelos corredores
da velha casa.
A terra cora, e a luz da tarde
nesse entre e sai pela janela.
Cada animal vai pra seu poleiro
num ritual que se repete no passar das horas
mais um dia, mais uma noite
mais uma vela de gratidão.
amanhã o galo canta
e a casa novamente acorda em festa.
Mocha
tarde de véspera de dia de são joão
junho na cacimba velha
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Uma história mal contada
Ontem me contaram uma história
conversa antiga, cantiga de boi para eu dormir
Hoje tive pesadelos e vi sombras no congresso
Os podres poderes descem em bandos pela rampa
As ruas então vazias, as pessoas já não gritam
Não mais panelas nas janelas,
nem apitos pelos túneis
As luzes estão fracas.
Os corredores perdem a memória
são escravos dos retratos na parede
As faixas mudam de mão
eu sou contra, estou à margem.
Terceira via onde não há mais caminhos
Tantas histórias nas revistas
Pela manhã o peixe podre embalado no jornal.
Mocha
outono de 2017
quinta-feira, 25 de maio de 2017
Sem Fer
Hoje amanheci sem Fer
não tenho mais o teu sorriso quieto
não tenho mais o teu calor sincero
e nem posso entrar em teus abraços abertos
Hoje amanheci sem Fer
só vejo agora o meu país cansado
vejo torres e palácios a serem depredados
como se fosse o dia de ontem, pensei que algo havia mudado.
Hoje amanheci ser Fer
já não tenho mais a tua mão na minha
o cheiro de alcool em seu beijo molhado
já não escuto tua voz em meu ouvido, pegando por trás e aquela apertadinha.
Hoje amanheci sem Fer
queria que tudo fosse como antes
já não te espero no banco da praça
já não tenho como olhar a esquina
parece que tudo está perdendo a graça
Que falta fazes meu eterno menino
neste momento que parece o inferno
tenho medo das ruas de Brasilia
e não vejo nada em Belo Horizonte.
Mocha
maio de 2017, parece outono
sexta-feira, 21 de abril de 2017
Fim da Linha
O som do apito já anuncia o fim da partida
meus olhos se voltam pro centro da terra
estou sem o cordão umbilical, estou nu
com a minha música
no palco
canto prum deserto que me cobre de sal
onde é noite o dia inteiro, sem tréguas.
Calado, escuto o silencio do escuro
a cortina se fecha, e o refletor de serviço já não acende
o aplauso de antes , dobrava esquinas
hoje volta cinco casas e revolta ao campo.
O ser tão virou apenas um mar de lágrimas.
Minha garganta apanha, quantos centavos, sem um centeio.
Já não tenho fome já não mato a sede.
já não faço planos, nem tudo planejo
nem mesmo a memória, nem mesmo a parede.
Mocha
ontem
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Há música em mim
Mesmo em silêncio
há música em mim
Me toco quando calado
músculo que pulsa em minha garganta
Quando não falo, é voce que está em mim
Eu quase grito, fico rouco
com tua língua em meu ouvido
e em minha mão , teu instrumento
um vai e vem , que vem e vai e tanto faz
a nossa música que fazemos até mais tarde.
O pássaro da manhã que quer sair de madrugada
talvez cantar pro meu vizinho, pro mindinho e fura bolo
A sintonia que habita o meu sorriso
ao te ver dormir
ao te ver passar
Depois de te ter, sei que há música, sua música está em mim.
E quando eu canto, é tu que vibras
nossa roupas pelos cantos, pelo chão
este palco solitário, nossa cama
e quando vais , eu quase faço esta canção.
Mocha
pra lembrar de quarta-feira.
sexta-feira, 24 de março de 2017
Quanto tempo
Quanto tempo dura o rio pra chegar a próxima curva,
ele corre lento, em pura correnteza?
Quantas pedras cruzam nossos caminhos , que as vezes seguram as nossas turvas lágrimas.
Não posso precisar o tempo das coisas
como o vento que chega até o meu nariz
Apenas olho o rio que corre ao longe
como chuva na cacimba que deixa o chão tão molhado
uma terra seca que a lágrima esfria.
Como um leite quente em minhas mãos
depois de um gole de café , esse alimento em nossa varanda.
essa minha vereda de quase salvação;
A agua varre a terra estrada, e deixa molhado todo o meu caminho.
Que tempo é esse que não passa, passa devagarim
uma belezura, é quase passarim.
Uma briza que nos sopra , um cheiro de flor
mas saber espinhos.
Deixo me cortar e furo os meus dedos como há contar as horas, saber de dentro do meu próprio sangue
que escorre lá fora a todo tempo.
Eu quase choro pelo mundo, pelos imundos
e fico triste pelas mazelas que nos chegam pelas telas , pelas janelas
por todo lado, a todo momento
Quem tem tempo para chorar , para sorrir
Quem tem tempo para parar, pra ver o rio
aquele que passa em minha aldeia
e saber também da aldeia do outro, lá também tem rio
um rio de sangue, uma avalanche em país tão baixo
de homens vis que em meu país há tanto tempo roubam
Nos roubam sorrisos, querem os nossos dentes
Mas eu sigo em frente, de vez em quando paro pra ver a chuva
que neste momento, tem sabor de lembranças ao vento
Precisamos saber que depois da noite escura
vem um dia novo, uma nova vida que todos esperam.
Quem espera o tempo? Ainda tem aqueles que esperam há tempos. Tempo, tempo, tempo....Não temos tempos há Temer.
Mocha
águas de março na cacimba velha
quinta-feira, 16 de março de 2017
Cobrança.
Eu fui Adão, eu fui a Eva
Eu vi a cobra em pleno paraíso
Dos que me falam, eu nem sempre ouço
Os que não escutam, mandei as favas.
Fiquei sem roupa e perdi a linha
Ao ser expulso, ganhei o rumo
Eu tenho escolhas pois a vida é minha.
Nas mãos de Deus o cordão que guia
Na lingua dos outros, posso virar farinha
Melhor morar apenas em teus olhos
Vivermos juntos esse dia a dia.
Alguém bate a porta
eu pulo a janela
pois que venha o outro
a quem eu dedico, esta poesia.
Mocha
Manhã de março, sitio santa Rosa
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Salve a amizade
Eu não preciso dizer o seu nome pois todos que nos conhecem sabem de nossa ligação, e olha que já se vão quase quarenta anos que nos conhecemos. Por voce , ganhei roupa nova para sua festa de quinze anos, conheci meu primeiro namorado naquele dia enquanto os embalos de sábado a noite tomava conta da casa da Rua João Cabral, e de lá pra cá muita água já correu para o mar, estivemos juntos em quase todos os momentos de nossas vidas, desde os tempos de escola, de saída escondidas pro sitio de alguem da familia, dos tempos do trópicos, do sorvetão, do escândalo....nossa senhora, quantas histórias juntos, voce casou, teve filha, descasou, casou de novo, teve filho, viajou , voltou e nunca nos perdemos, já brigamos, discutimos, mas nunca perdemos o respeito um pelo outro, ainda hoje guardo suas cartas enviadas de Brasilia, lembro da noites em claro quando Xuxu andava com seu velocípede pelo meio da casa em plena madrugada, lembra que senti o cheiro de criança na sua casa em Brasilia antes de seu Momô nascer? Nossa confiança nunca foi quebrada, pois nunca mentimos um para o outro, já fomos duros um com o outro e já ficamos afastados por meses, voce sabe de mais coisas sobre mim do que eu mesmo as vezes esqueço, e na formatura da sua filha lá estavámos os dois chorando feito dois retardados, e as sessões de cinema? Irmã de alma é o que voce é. Nossa relação de amizade é muito forte, temos outras amizades, algumas em comum, outras não, alguns sentem ciúme de nossa história, mas mal sabem eles que voce é amiga de muitos, é agregadora, tem atitude, é porto seguro e quase todos nossos amigos e está sempre a mão quando algum de nós precisa de uma ajuda, estava do meu lado quando perdi meu pai e eu do lado seu quando o seu desencarnou, cuido de seus filhos como se fossem meus e assim fortalecemos nossos laços, estive do lado de seus filhos em momentos decisivos e importantes, mesmo quando voce não podia estar. Moramos juntos, dividimos carro , apartamento, pizza , sushi, cervejas, vinhos e whisky, estavamos juntos nos quinze anos de sua fiha e quando ela pediu o seu primeiro Hifi , tivemos tristezas .....mas sobretudo alegrias, quantas coisas boas já passamos juntos, nos shows musicais e nos espetáculos de teatro que voce produz, sei que é capaz de doar a roupa do corpo se alguém precisar. Enfim, nossa amizade sobrevive ao tempo, sabemos que nos amamos, brigamos, mas logo estamos sorrindo novamente e só queria escrever isso para agradecer todo carinho que voce tem para comigo e com minha familia também. Fizemos com que nossas mães respeitassem nossa amizade e sei que elas sabem o quanto somos amigos. Quero agradecer por salvar a vida de um de nossos cachorros, isso não tem dinheiro que pague, e se fosse falar de todas as coisas e momentos que já nos aconteceram e passamos juntos , com certeza daria um livro, mas o nosso caso de amizade é muito mais que amor, um amor em forma desta pequena e singela crônica.
Ah, antes que eu esqueça, vamos juntos a formatura de seu filho, o nosso pequeno Buda, o menino do amor higiênico.
Mocha
final de tarde de sexta feira no sitio santa rosa
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