sexta-feira, 26 de julho de 2013

poema para se descrever

escrevi alguns poemas, alguns eu guardei, outros não sei onde coloquei......mas encontrei e agora eu posto e aposto.....









uma alma se expoe em palavras
sem fala ele me diz tudo
quando abre sua boca que eu mesmo recebo
conjugo meu verbo no seu
e assim em um instante
somos amantes
vemos livros na estante
percorro seu corpo
leio sua alma
sorrio que quase gargalho
depois de sermos um
ele dorme e eu velo seu sono
apago a luz e acendo meu dia!

Mocha
25 de um mes qualquer

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Para Seu Raimundo Alves Lima, ou simplesmente RAL.....


Quando soube do falecimento do RAL, fiquei um pouco triste pois o conhecia desde a época do antigo jornal O ESTADO, e ele sempre foi muito solicito comigo, tinha um profundo respeito por mim e pela minha carreira, quando nos encontrávamos era sempre um encontro caloroso, divertido...queria ter escrito alguma coisa, mas encontrei quem escreveu melhor que eu poderia ter escrito.... veja você!






Saudade do Ral
“A primeira vez a gente nunca esquece”. Essa frase tão comum, eu a uso para dizer o quanto na minha lembrança ficou o companheiro Ral, pois foi o jornalista Raimundo Nonato Alves de Lima, que primeiro publicou um texto meu na página cultural do Jornal o Estado, em 20 de março de 1984. Guardo até hoje a página 09 desse jornal com muito carinho. Não tive a oportunidade de falar isso para o Ral. Como um operário da palavra, sei a importância do jornalismo para quem trilha no caminho da crônica. Morávamos no mesmo bairro, na Vila Operaria, na antiga rua Paraim, hoje Gabriel Ferreira.
Vim para o Rio de Janeiro em 1974, em período muito difícil politicamente. E quando voltava a Teresina, em período de férias, conversamos muito sobre a questão cultural da cidade. Naquela época, já era visível a influência de Torquato Neto no trabalho de alguns jovens que enveredavam pelo caminho literário.
Em Teresina, quem me fez gostar de poesia foram os cordelistas do antigo mercado que havia ali, ao lado do bar Amazonas, e o compositor do Império do Samba, o senhor Manuel Fininho, passei a gostar dessa escola de samba por causa dele. Eu sempre afirmo que sai do Piauí pela força do destino, mas o Piauí nunca saiu de dentro de mim.
A notícia da morte do Ral mexeu com minha cabeça, um turbilhão de saudade, em minha memória, um passado que ainda está muito vivo, ninguém sai da sua terra impunemente. A gente não se arrepende porque sabe que são as circunstâncias que mudam o percurso do rio pela luta da sobrevivência... Só assim tão distante que a gente sente melhor o sabor de uma cajuína e de um pedaço de doce de buriti. A saudade tem gosto de lágrima...
- Companheiro Ral, que Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e São José Operário o receba na Sagrada Família.
“O Verbo encarnado. Verboexpressão. Substrato humano. Ad-verbumlugar: Universo. Contingente: animal linguístico. Falemos na língua da maioria oprimida:
Anti-poevidasia: o cogumelo atômico, a fome, nazifascismo, o Tio Sam, parasitarismo, etc.
Parapoevidasia: o convite ao câncer, a propaganda de cigarro. Projeto de poevidasia: a conquista do pão de cada dia. Fantavidasia é o segmento mais avançado de real nesse processo de semiose, onde o signo se torna símbolo quando vivenciado.
Poevidasia é substância, conteúdo que a arte expressa trans-historicamente. Não só em versos ou em prosa, formas literárias, mas em todo espaço que ocupa, assim como a água e o ar: beba, respire esta essência vital.
Repito, se sou poeta não é pelos versos que faço, mas pela vida que vivo. Sinto-me transparente quando sou lido”.
Esse pequeno texto foi publicado pelo Ral, seguido do poema “Daqui prá e de lá pra cá”, retido do livro “Part-ida”, edição independente que fiz na época. Eis o poema que ele ilustrou com uma foto da Elis Regina:
“Uma estrela cai/ uma estrela sobe: Elis/ Deus te guie, Deus te guie Entre um bêbado/ e uma equilibrista/ pra que uma escola/ superior de guerra?/ É preferível a paz primária./ Pra que carregar estrela no ombro? Se/ no céu, ela tem mais brilho./ Mande notícias/ dos nossos irmãos/
que partiram sem/ despedida./ Talvez eles lá estejam.../ - Gostaria de ouvir/ no rádio este canto.
A imagem que guardarei do Ral será sempre desse período que éramos
jovens andávamos descalço jogando bola no campo da Vila Operária, mas não
alheios aos momentos culturais e políticos do País.
Ataualpa Antonio Pereira Filho
Professor