A palavra Clara
Penso que o verbo se fez carne muito antes dela nascer, e eu não sabia como começar a escrever um texto para falar de algo maior ou
de alguém que só a dimensão do passar
dos anos irá confirmar o que você ve
agora; pode parecer complicado a principio e principalmente se eu começar a
escolher qual a melhor forma de
descrever o prazer de ler uma grande escritora , assim me senti depois de ler o terceiro livro de uma escritora que acompanho desde a mais tenra infancia, e o que tinha em minhas mãos ," As Pequenas Grandezas do dia a dia" me deixaram ainda mais emocionado e eu não queria de maneira nenhuma me deixar levar somente pela emoção e falar coisas da boca pra fora e também penso que não existe uma
forma, nem mesmo uma fórmula para se dizer o que se acha, o que se sente , o que passa por nossas cabeças quando lemos
uma obra de arte aparentemente simples, mas com um rigor, uma força, um
discernimento, um domínio e principalmente uma clareza.....Clareza! pronto,
achei a palavra que eu poderia ter começado este texto, poderia dizer que
Clareza seria a mistura de Clara com princesa, mas ela não é a princesa, ela
poderia no mínimo ser a rainha da história, mas ainda assim ainda não seria ela
pois ela é simplesmente a Dona da história, ou melhor a Dona das histórias
pelas quais ela se revela em seu mais recente livro, textos postados em seu
blog, mas que parecem novos quando estão em seu real papel, um livro em nossas
mãos....não que eu não conhecesse a tal escritora, pois ela já me tinha sido
apresentada, ou melhor ela mesma se apresentou
diante de mim,” elegantemente”, disse ela do alto dos seus infantes seis anos quando
fazia pequenas encenações no quarto da casa, ou melhor no sobrado da Coronel Afonso Romano em Botafogo , casa de sua mãe, grande amiga que se eu começar a falar as
histórias com certeza irão se misturar e eu emocional do jeito que sou posso me
tornar piegas e não é minha intenção levar o leitor as lágrimas. Melhor me ater
a palavra Clara, a escritora da Casa de Isabel, seu primeiro livro, que chamou minha atenção em um voo entre o Rio e
Brasilia, livro que eu não conseguia
parar de ler depois de seu lançamento
nos salões da UFRJ, na praia vermelha, onde Lima Barreto há muitos anos passados andava soturnamente pelos corredores; li de
uma tacada só, imaginando tudo como convém a um bom livro e um leitor , e
queria muito chegar ao seu final, pois cada capítulo era uma cena que precisava
ser observada ou degustada silenciosamente com os olhos e ao final chorei, chorei com a mais profunda emoção , mas não era apenas o choro de alguém que ama e
conhece a autora desde pequena, chorei pois tinha diante de mim o desabrochar de
algo que viria a ser muito maior ou melhor do que eu, ou do que qualquer um de
nós, mortais artistas, era uma grande escritora piauiense, brasileira, uma
outra dinastia....Clara Mello é assim, forte, súbita....e permanente sem ser
fixa, uma leitura construída, uma feitura de colcha de retalhos,retalhos que
não se perdem , uma rapadura de sonhos,
uma moleca, uma senhora...uma pequena senhora do tempo que só daqui a alguns
anos as pessoas irão dizer: Voce precisa ler Clara Mello, aliás você sabia que ela mora na mesma rua que Clarice morou e tem
um gato chamado Dante. - Surpresos? Eu ainda me surpreendo com Clara,
simplesmente uma das melhores pessoas do mundo, o mundo das palavras!
Moises Chaves
Sitio santa rosa, caçimba velha em Teresina. 06 de junho, o
mês das fogueiras, das festas....e das letras!