sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Somos todos inocentes





Parecia até cena de filme, mas era tudo muito real,embora o surreal seja comum em nosso país,ou na construção de sua história.Assustados estamos todos com esse estado de alerta e assim permaneceremos durante algum tempo até que essa situação de emergencia diminua ou cesse de uma vez. Vivemos uma briga histórica entre classes e a censura de mercado fortalece ainda mais esta luta desigual.Ricos e pobres não se igualam em nenhum momento,nem mesmo na hora da morte! Os moradores da zona sul parecem saber que o problema não chegará até aqui,então como já disse o Beltrame:" isso não está acontecendo na cidade do Rio " , só se for o Rio dos ricos,pois alguns em sua arrogancia e sua ignorancia emocional não estão preocupados e se veem como previlegiados das classes A e B e nada poderá atingi-los. Outros mais sensatos, sensiveis e inteligentes percebem a revolta que se insurge nas favelas e morros cariocas diante de tantos desmandos e impunidades históricos.
Como disse um nobre deputado eleito recentemente:pior que está não fica!... Fica sim ,pois esta situação nos mostra claramente que precisamos de reformas politicas que assegurem ao cidadão brasileiro as mínimas condições de viver dignamente com requisitos básicos de educação , saúde, segurança, moradia e cultura... Ontem em um evento comemorativo de um jornal judaíco ouvi da boca de um célebre humorista que carioca é pobre , que não faz apresentaçoes aqui pois ninguém pode pagar R$ 25,00,e de sua dificuldade em conseguir lotação esgotada. Bastante preconceitoso em seu comentários chegou a ser vaiado em alguns momentos de sua fala.Pelo menos sua máscara caiu e pude ver que atrás daquela coisa se esconde um ser humano, inteligente é verdade, mas que desconhece profundamente o fato de que tem coisas que independem de classes, e que os seres humanos tem em comum a necessidade de convivencia harmônica,embora ele afirme que a natureza humana seja cruel,temos que ter civilidade e ética ,sem recorrermos ao politicamente correto,para conseguirmos um mundo melhor para todos.
O poeta Ferreira Gullar disse sabiamente na última quarta-feira durante show em sua homenagem que o caminho da vida é o outro.Talvez o humorista ainda não tenha chegado a tal estágio de desapego material, e eu sinceramente espero que ele perceba que fazer piada com negro, pobre, homosexual e favelado em certas situações,não é de bom tom! Arrotando que suas condições foram melhores devido as suas oportunidades, ele não percebe que as chances que ele teve , devem ser dadas igualmente a todos, sem precisar usar de arbitariedades como cotas e progamas sociais que tem objetivos puramente eleitoreiros.
Fico muito triste com tudo que está acontecendo, mas triste ainda é perceber que existem pessoas que perderam sua sensibilidade e confundem o papel do artista, que sabemos que tem que colocar o dedo na ferida, mas não para piorar ainda mais tal situação. A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Essa dialética só é possivel por causa do outro,parece simples? Talvez não o seja enquanto não percebermos o quanto ainda há de humano em Nós!
Respeito quem não acredita que Deuses existem , mas fico muito temeroso quando por não acreditarem por vezes resolva ser um Deles.

Moisés Chaves
Rio , manhã de sexta feira, 26 de novembro de 2010

Um comentário:

  1. Moisés,
    Muito lúcida sua analise. Também acho que uma das funções do artista é ser a mosca no sopa como diz o Raul Seixas. O mundo contemporâneo não anda lá essas maravilhas e todos, em suas respectivas áreas, devem contribuir para construção de um mundo mais humano, solidário, fraterno.
    abçs: Herbert Medeiros

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