quarta-feira, 7 de julho de 2010

A CARA A CORAGEM E O TEXTO DE CLARA

Antes de mais nada é bom que eu diga que o texto a seguir foi escrito por uma menina de 16 anos, futura estudante de letras, que eu conheço desde pequena e que me dava aula de etiqueta dizendo um texto que recordo até hoje e fiquei bastante impressionado quando a mâe dela leu ontem pela manha o texto que segue antes de mais nada escrever o nome dela: CLARA DE MELO E SILVA filha de patricia mellodi e joâo clàudio moreno

espero que voces se emocionem como eu e que se deliciem com um texto de uma grande escritora que o mundo vai conhecer

RE NASCIMENTO



Se suicídio não me soasse tão nefasto, talvez o fosse.
Mas depois da fria e longa sensação de me sentir defunta, falar de morte me dá frio na espinha.
Talvez seja o despertar de um sono, pra quem não gosta de falar de vida. Mas eu que sou inconsequente, e com certeza, não sei da gravidade do que falo, me sinto à vontade para não ter os pés no chão.
Nasci, morri, vivi no limbo.
Suicídio não, morri de morte morrida. Apenas estou jogando a terra sobre o que já não suspira.
Minha morte foi lenta, sofrida. E talvez eu ainda sinta enquanto não forem decompostos todos os pedaços do meu eu já morto.
Enterro sem lágrima, sem despedida, sem grau de intimidade. Pouco antes de morrer eu já era indigente, já ninguém me conhecia.
Não me matei, eu morri.
Não foi suicídio, não foi homicío.
Foi corpo fraco tombando pra cova.
Agora, meu eu antigo, aqui jaz.
Mas como eu disse, não é sombrio. Passadas as solenidades fúnebres, ficaram areia e morte pra trás.
Morri de morte morrida e renasci de vida nascida, naturalmente.
Não como a fênix que renasce das cinzas, algo bem menos pretencioso e proposital.
Eu re-nasci como se nasce, criança.
O eu morto é retrato na parede, e quase não dói.
E o eu nascido, esse sim, descança em paz.

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