domingo, 15 de maio de 2016

A LINGUAGEM DA CACIMBA






A LINGUAGEM DA CACIMBA.
Hoje pela manhã, dia de domingo, é tradição comprar carne aqui na região da cacimba velha, seja carne de gado, porco, carneiro ou mesmo frango ou galinha caipira, tudo abatido na hora e vendido pelos comerciantes locais; alguns mantém a tradição há muitos anos, outros acabaram de abrir seus comércios muito recentemente e já conquistaram fregueses através de preços melhores e uma boa dose de prosa, ou conversa como aqui se diz. Quando fui pagar a conta do mês , percebi que nossa fornecedora/proseira/conhecida havia colocado uma motinha para fazer serviço de entrega, numa clara demostração de crescimento de seu negócio, e eu perguntei a ela se agora ela possuia "delivery" , ela com um sorriso natural me pergunta se estava chingando ela - " Tá me chingando, professor?" , eu então lhe disse que não e que havia perguntado se ela agora fazia entrega na casa dos fregueses, ela mais sorridente ainda, - como é mesmo que o senhor disse, - "deliveo, delirio!" o senhor quer saber se agora eu" mando deixar nas casas", kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, - eu mando deixar, o Fransquim , o Chiquim vai deixar nas casas prumode do senhor não carregar peso por conta de sua coluna, pra num ficar intrevada! Rimos então os dois, como convém a dois velhos conhecidos, finalizamos nosso negócio, paguei-lhe o que lhe devia,e ela perguntou se não desejava levar mais alguma coisa pra pagar depois , num gesto de confiança , sem precisar de nota promissória ou avalista, coisas do interior que não se perdem, como o velho acerto da palavras......Palavra que se dá , é palavra que se cumpre! Olhei ainda para trás quando me despedi e ela estava lá, atrás de seu balcão, uma trabalhadora brasileira, batalhadora de fibra, ah antes que eu esqueça, ela foi assaltada e ameaçada pelos bandidos, assim como outros comerciantes aqui da região, o último a ser assaltado, anda nervoso, pois os bandidos que assaltaram seu comércio disseram que ele devia dar graças a Deus , pois eles poderiam matar que as leis protegiam eles e eles voltariam mais vezes , quantas vezes quisessem, pois assalto era o negócio deles. Coisa boa quando a palavra ainda vale alguma coisa, Delivery, delirio, eu andando de volta pra casa e pensando nas palavras.....crime e castigo! Delirios de um ser nas estradas da cacimba velha! Num tem? Ah, - enquanto escrevo, a buzina da moto toca, deixa eu ir atender o fransquim , que veio deixar as encomenda na porta de casa! coisas do interior......

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