segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O HOMEM, A PRAÇA E O BOLO.....

para Eugenio Rêgo, da Série :A mulher, a bicicleta e o Fogareiro......



Um Homem vendia bolos
na esquina da Praça todas as manhas
Ele entregava o bolo 
e me dava o seu sorriso aberto como
a luz do sol....
Enquanto voltava pra Casa
pensava no cheiro do café esperando no fogão
Atravessava a praça como se floresta fosse
uma saraivada de emoções no silencio que gritava
enquanto a cidade ainda acordava depois do domingo
uma segunda de segundos lentos
Um despertar de cheiros de creme dental e sabonete
a água fria que molhava minha pele e aquecia minha carne
Um banho sem toalhas pra enxugar
por não ser preciso......
Subo as escadas do velho casarão
ele é meu,mas não me pertence
Ele me contém e eu estou nele contido
como convém quando muito se ama...
Este é o meu instante de celebrar o começo do dia
de partilhar o pão, esse momento café com leite
compartilhar o ritual do passar das horas
que as vezes não se percebe
tão natural ele acontece
Esse cotidiano
esse calor na emoção que refresca
esse sorriso facil ao ler o jornal
que embrulhará o peixe na manhã seguinte
Papel do papel , não da palavra
a palavra... essa fica, uma noticia que dura pra sempre....
Passa o jornal...
Mas e o Homem? A praça? e o bolo?
Esses , esses não passam
Esses se misturam e fazem mais doce o poema.....


Moisés Chaves
Manha do dia da bandeira em plena praça Saraiva em Teresina
19 de novembro de 2012

2 comentários:

  1. Isso dá uma saudade de tudo, Moisés...
    E torna cada instante essencial.
    Emociona a mim, que aprendi a escrever em papel de pão que às vezes nos faltava. Só nunca nos faltou a palavra.
    Por isso estamos aqui.
    Beijo, poeta.
    Maria Martins

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  2. Imopossível não se senbilizar com tudo isso, com isso tudo...por tudo isso, isso por tudo que somos amigo. bjs.

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