terça-feira, 24 de maio de 2011

Como poema cru






Palavra saída de dentro da terra
germina na página onde fiz o plantio e refaço a colheita
frutífera vontade de escrever meu poema

Molho a terra e gotas de suor e de lágrimas
caem nesse árido papel
onde brota a muda palavra que vira música
quando se lê
quando se ouve
quando se imagina

Me coloco na mesa
expondo segredos
meu sagrado alimento que nunca termina
de grão em grão
faço poema meu pão
pego o lápis , corto um pedaço e como
coloco a palavra na boca, nas bocas
nos olhos dos outros e não sai pelo ouvido
A cabeça mastiga cada palavra
cada frase
na construção do período composto
Sem posse sem mel na ferida
Cuspir ou engolir na saliva
quando se goza o poema?
Se degusta sem desgosto e se esparrama
no rosto , na pele e na alma
Ele volta pra gaia e não se esvai pelas mãos
Ele escorre no chão
deixando o gosto e o rastro natural das palavras
que se imortalizam....
Viva a palavra viva
Viva a palavra e assim como
e como o poema cru.....


Moisés Chaves
Teresina, madrugada do dia 24 de maio na casa da arlindo nogueira......

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